Música muito popular brasileira

Quem merece o selo de música popular brasileira? <b>Folha</b> analisa 134 bilhões de execuções no YouTube para descobrir o que os brasileiros ouvem e como, quando, onde e por que

Metodologia

Levantamento sistematiza 134 bilhões de visualizações

Quem são os artistas mais ouvidos no Brasil? Onde se concentram fãs dos cantores Tom Jobim e Anitta ou dos Beatles no país?

A Folha coletou dados do YouTube, a plataforma digital de música mais usada no Brasil, para responder questões como essas acima.

A inspiração veio do jornal americano "The New York Times", que em agosto mostrou a distribuição dos fãs de 50 artistas nos EUA, também com base no YouTube.

O levantamento da Folha foi além e considerou o número de plays de 340 artistas, nacionais e estrangeiros, em 1.245 cidades brasileiras que constam na plataforma artists.YouTube.com, mantida pelo próprio YouTube.

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Os municípios, em geral de maior porte, representam 75% da população brasileira.

A coleta de dados foi feita para o período de agosto de 2014 (período mais antigo disponível) a agosto de 2017.

Foram sistematizados 134 bilhões de plays (considerando todas músicas dos artistas, em todas as cidades, todos os dias, nos três anos).

As informações possibilitaram dois tipos de análises: o ranking em números absolutos de visualizações dos artistas e a distribuição dos seus fãs no Brasil.

Para a primeira vertente, somou-se o número de plays que cada um obteve no período. Marília Mendonça foi a primeira nessa lista, com 4,1 bilhões, seguida de Henrique e Juliano (3,8 bilhões).

Para se visualizar a popularidade dos artistas, foram feitos mapas como esses ao lado, que retratam o alcance de Anitta e Tom Jobim.

A distribuição dos plays dos dois artistas guarda semelhanças: ambos têm grande concentração de seus fãs no Rio (bolinhas mais escuras) e em áreas do Nordeste e do Rio Grande do Sul.

Isso não quer dizer que eles tiveram audiência semelhante. Anitta tocou 37 vezes mais que Tom Jobim (2,6 bilhões de plays contra 69 milhões).

Os mapas mostram que a distribuição espacial dos fãs de Jobim (as 69 milhões de visualizações) se assemelha aos de Anitta (2,6 bilhões).

CORES

Como Anitta teve uma popularidade maior, para uma cidade ficar com bolinha escura no mapa dela, é preciso muito mais plays que no mapa de Tom Jobim.

Tecnicamente, significa que cada mapa utiliza uma escala diferente para definir a gradação de cor.

Do contrário, mapas de artistas muito populares (como Anitta) teriam bolinhas escuras em praticamente todas as cidades, não permitindo saber em quais municípios eles possuem proporcionalmente mais ou menos plays.

E mapas de artistas menos populares no período (como Tom Jobim) ficariam praticamente todos cinza (poucos plays em relação ao total de cada cidade), não permitindo saber onde se concentram os fãs desses artistas.

A gradação de cores também considerou a proporção dos plays do artista em relação ao total da cidade.

Se fossem usados somente números absolutos, apenas municípios grandes como São Paulo e Rio de Janeiro teriam destaque (e se perderia a análise do sucesso relativo dos artistas em cada local).

Grandes áreas sem pontos nos mapas, especialmente no Norte, no Nordeste e no Centro Oeste, representam regiões cujas cidades não constam na plataforma de consulta de dados do YouTube.

Para definir quais artistas teriam dados coletados, a reportagem usou como base principalmente listas de popularidade do próprio YouTube e das publicações "Rolling Stone" e "Billboard".

Para categorizar esses artistas em estilos, a Folha considerou informações de diferentes bases, como o aplicativo Spotify e a empresa de consultoria Playax.

Alguns artistas aparecem em diferentes estilos, dependendo da base de dados.

A banda americana Sublime, por exemplo, é reggae na Playax, mas rock no Spotify.

Nesses casos, a reportagem consultou especialistas.